Qualidade em atendimento, acesso a exames, consultas e internações e sustentabilidade dos processos são temas do 26º Congresso Abramge, entre 15 e 16 de setembro
A saúde suplementar nunca foi tão discutida no Brasil como nos últimos tempos. Com quase 50 milhões de beneficiários em planos médico-hospitalares, ou seja, quase 25% da população brasileira utilizando algum serviço privado, muitos assuntos sobre a saúde ganham relevância. Um desses temas é o ecossistema que compõe o universo dos planos de saúde, no qual há 3 pilares fundamentais para manter o funcionamento do setor da melhor forma possível. São eles: o acesso a exames, consultas, internações etc; a qualidade em atendimentos, internações, exames, experiência de usuário, entre outros; e a sustentabilidade de todos os processos dos próprios planos, dos hospitais, das clínicas, dos laboratórios e das equipes.
A Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde), entidade sem fins lucrativos que representa institucionalmente as empresas privadas de assistência à saúde do segmento de medicina de grupo, realiza nos dias 15 e 16 de setembro de 2022, em São Paulo, o 26º Congresso Abramge, que trará esses assuntos no foco da discussão. A entidade tem atualmente 140 operadoras associadas, presentes em 20 unidades federativas do país, que cobrem 24 milhões de beneficiários.
“A realidade está nos atropelando. O que poderia ser feito de uma forma mais bem planejada, não é mais possível”, disse Renato Casarotti, presidente da Abramge.
“O modelo fragmentado está cada vez mais difícil. É necessário entendermos todo o ecossistema e a realidade dos planos de saúde para que o setor continue existindo e oferecendo boa qualidade de atendimento, exames, internações, entre outros, alinhado a novas tecnologias e tendências”, explicou.
Casarotti entende que há uma forma de seguir no presente e em um futuro próximo. “Os grupos estão ficando maiores, ou seja, empresas que compõem elos diferentes da cadeia estão se unindo e isso é fundamental para a continuidade do serviço privado de saúde no Brasil”, afirmou. O presidente da Abramge explica ainda que o chamado “modelo integrado de rede própria” –no qual um mesmo grupo dispõe de hospitais, centros de atendimento, laboratórios para exames, aplicativos que oferecem telemedicina, telessaúde etc– está com força no mercado, mas alerta que isso só é possível com qualidade, bons protocolos e governança atenta. “Integrações têm que ser bem-sucedidas. Já eram fundamentais e agora são mais ainda.”
PRONTUÁRIO ÚNICO: INTEGRAÇÃO QUE PRECISA ACONTECER ENTRE TODA A CADEIA
Muitas pessoas não sabem, mas provavelmente algumas já perceberam a falta de integração entre todo o sistema de saúde. Afinal, dificilmente uma pessoa não precisa apresentar todo o histórico de saúde ao ir a um pronto-socorro, médico ou laboratório diferente do que costuma frequentar. É esse cenário que escancara a necessidade de o Brasil avançar em uma das principais discussões da área de saúde complementar ou pública: o prontuário único.
Há muito tempo se discute um sistema que possa ser alimentado por toda a esfera de saúde. Desse modo, quando uma pessoa for atendida por alguma razão em uma unidade que não costuma frequentar, o especialista terá o seu histórico de saúde. Isso incluiria exames, consultas médicas, medicamentos e até o autocuidado. Ou seja, se a pessoa faz um tratamento para tireoide com um endocrinologista e der entrada em um hospital ou fizer uma consulta para outro sintoma, o profissional de saúde que recebê-la já saberá disso, evitando a realização de tratamentos e exames desnecessários. Dessa forma, há uma sinergia no ecossistema e possibilidade de ampliar a qualidade e o atendimento para a população.
A Carefy, uma plataforma de gestão de pacientes internados para instituições de saúde, oferece, desde 2018, um serviço que vai além do prontuário único. Marcelo Santos, CEO da healthtech, explica que a solução reduz o tempo de internação de pacientes em até 40% e os custos de internação em até 13%. Com 4 anos de mercado, já são quase 3 milhões de beneficiários nas carteiras atendidas e mais de 370 mil internações monitoradas.
Quando um conveniado de alguma operadora que usa o serviço da Carefy é internado em um hospital, um profissional destacado vai até o local munido de todas as informações do paciente. Ele conversa com os médicos e passa todos os exames, tratamentos, doenças, diagnósticos, informa caso se trate de uma 2ª internação e sinaliza os procedimentos e remédios utilizados na vez anterior.
“O gasto anual com internações hospitalares no Brasil é de R$ 70 bilhões, apenas no setor privado. Muito desse gasto ocorre justamente pela falta de informação que os profissionais da saúde têm sobre os pacientes. Além disso, boa parte desse valor poderia ser direcionado para inúmeras outras melhorias na saúde, ao invés de ser gasto com exames, tratamentos e até diárias de hospitais desnecessárias. Tudo fica menos dispendioso quando o profissional de saúde tem em mãos toda a jornada do paciente”, completou Santos.
CUIDADO PESSOAL E TECNOLOGIA NA PALMA DA MÃO DO USUÁRIO
Além da importância de o setor de saúde discutir a jornada do paciente, o papel de cada indivíduo na melhoria do sistema também deve entrar em pauta. Um dos pilares desse ponto de discussão são as tecnologias disponibilizadas ao cidadão para ampliar o acesso.
Para Fernando Cembranelli, CEO do Health Innova Hub –ecossistema digital com a finalidade de empreendedores, inovadores e investidores em saúde trocarem informações e desenvolverem ideias–, a transformação digital já acontece de forma muito significativa na sociedade.
“Quando falamos em inovação na saúde, de modo geral, muito se fala de healthtechs e startups, mas como fazer para trazer o que hoje é analógico no setor para o mundo digital por completo? A pandemia da covid-19, por mais trágica que seja, trouxe uma evolução neste sentido, pois as operadoras tiveram que correr para oferecer a telemedicina e as pessoas também aprenderam como utilizar esse benefício, assim como os próprios profissionais da saúde”, contou Cembranelli.
“Os estudos mostram que 40% da população brasileira tem doenças crônicas. O que é natural com o envelhecimento das pessoas. Além disso, há doenças ‘novas’, como o burnout, causada, muitas vezes, por estresse do trabalho. E tudo isso pode, e deve, ser acompanhado na palma da mão. Já há tecnologia para isso. Um exemplo de telessaúde é o relógio marcar e mandar a pressão de um paciente ao seu médico. O que é tratado com monitoramento contínuo, tanto do paciente quanto dos médicos, costuma reduzir custos com internações e doenças mais graves, que pedem remédios mais caros”, disse.
O cuidado pessoal é assunto cada vez mais recorrente no setor. Uma pesquisa realizada pela consultoria McKinsey, com mais de 100 líderes globais do setor da saúde, mostrou que a maioria concorda com a necessidade de criação de ecossistemas de saúde e jornadas integradas de cuidado. Isso significa que os atores desse mercado precisam se aproximar, formar redes assistenciais e modelos de negócio que coloquem os pacientes no centro das decisões; e compartilhar dados e seguir protocolos clínicos para oferecer serviços complementares entre si, promovendo o que se chama de “coordenação do cuidado”.
Para ajudar, a tecnologia atingiu um estágio em que não é mais suporte, mas sim um ponto central na coordenação do cuidado. Trata-se de uma mudança de paradigma relevante para todo o mundo. Por isso, é importante inovar na saúde, testar novas ideias, investir em modernização, ser mais ágil nas regulamentações e, assim, formar ecossistemas de informação.
Esses e outros temas estarão em debate no 26º Congresso da Abramge, que será realizado em São Paulo, nos dias 15 e 16 de setembro de 2022. O evento também será transmitido virtualmente no site da entidade, www.abramge.com.br. Para assistir ao evento, inscreva-se neste link.
Fonte: Poder 360 – 23/08/2022
Conteúdo publicado originalmente pelo Poder 360
(https://www.poder360.com.br/saude/entidade-de-planos-de-saude-debate-a-eficiencia-do-setor/)
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