A saúde suplementar no enfrentamento da covid-19

A pandemia parece interminável e tem exigido muita resiliência dos profissionais da saúde e da sociedade como um todo

Os primeiros meses deste ano foram os mais críticos para o setor de saúde no enfrentamento da pandemia, e, entre março e abril, a taxa de ocupação de leitos superou a marca de 90% em mais de uma centena de hospitais próprios das associadas à Abramge. Os esforços ininterruptos e os investimentos contínuos empenhados até aqui pelas operadoras de saúde para assegurar o cuidado com os beneficiários têm suportado as demandas cada vez mais desafiadoras no combate à covid-19.

O aumento e agravamento dos casos de coronavírus, a corrida contra o tempo para a abertura de leitos hospitalares e a falta de medicamentos exigem esforços tanto da iniciativa privada como dos próprios governos para trazer soluções diante dessa situação dramática.

A pandemia parece interminável e tem exigido muita resiliência dos profissionais da saúde e da sociedade como um todo. É preciso avaliar, aprender, solucionar, colocar em prática e readequar, tudo praticamente ao mesmo tempo. A agilidade das operadoras de planos de saúde e de toda a cadeia tem sido fundamentais na luta contra a covid-19

A saúde suplementar adotou diversas iniciativas para superar a crise sanitária. As associadas à Abramge, composta atualmente por 137 operadoras, contrataram e treinaram mais de 10 mil profissionais de saúde para aumentar a capacidade de atendimento em seus 175 hospitais. Neste mesmo período, foram construídos mais de 2.800 novos leitos em hospitais da rede própria para atender pacientes em todo o território nacional.

As operadoras também cederam mais de 800 leitos ao Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de editais ou em comodato (modelo de negócio em que há empréstimo gratuito da infraestrutura). Houve também a contribuição de mais de R$ 50 milhões, totalmente revertidos para ajudar o sistema de saúde pública, por meio da doação de exames, EPIs e medicamentos, e também para a população mais vulnerável, com a distribuição de cestas básicas e kits de higiene.

Outro desafio que está sendo enfrentado é a escassez dos medicamentos do chamado “kit intubação”, fundamental para o tratamento dos pacientes graves de covid-19. Nesse caso, a partir da flexibilização de regras de importação pela Anvisa, as operadoras de planos de saúde e os hospitais vêm buscando, com algum sucesso, esses insumos no mercado internacional para atender à crescente demanda das unidades hospitalares do Brasil.

O uso e a ampliação da Telessaúde, aprovada em caráter emergencial pelo Congresso Nacional até o fim da pandemia. A Telessaúde permite que as pessoas mantenham seus cuidados periódicos e sejam acompanhadas pelos profissionais de saúde neste momento de distanciamento social, quando o medo de ir até o hospital é predominante.

Além disso, essa inovação tecnológica também desempenha um importante papel na triagem de pacientes que normalmente iriam aos prontos-socorros. Levantamento feito pela Abramge aponta que a Telessaúde resolve aproximadamente 90% dos casos atendidos remotamente. Ou seja, a cada 10 pacientes atendidos, nove resolveram suas demandas de saúde sem a necessidade de um atendimento presencial. Os demais pacientes são encaminhados para consultas presenciais ou serviços de urgência.

O engajamento dos beneficiários com essa nova ferramenta foi imediato. Mais de 2,5 milhões de teleconsultas foram realizadas entre os meses de abril de 2020 e março de 2021, segundo levantamento realizado pela Abramge entre operadoras que, juntas, somam mais de 8,7 milhões de beneficiários em todo o país.

A regulamentação definitiva da Telessaúde ainda suscita debates — em larga medida capitaneados pela sua Frente Parlamentar Mista no Congresso. Ainda há pontos de divergência, mas é fundamental que se chegue a um consenso que permita a sua manutenção e expansão pós-pandemia, ampliando o acesso ao cuidado pela população.

O setor de saúde suplementar vem trabalhando arduamente para garantir atendimento de qualidade e para defender a vida. Continuamos a lidar com hospitais operando no limite de sua capacidade, escassez de insumos e de profissionais de saúde. Mas seguimos incansáveis no apoio à sociedade, no cuidado dos nossos beneficiários e na defesa da sustentabilidade da saúde suplementar.

Fonte: Correio Braziliense – 24/05/2021

Por Renato Casarotti*

* Presidente da Abramge.

Conteúdo publicado originalmente no Correio Braziliense
(https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2021/05/4926426-a-saude-suplementar-no-enfrentamento-da-covid-19.htm)

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