Com 600 mil adesões, planos de saúde beneficiavam 47,7 milhões de brasileiros no fim do ano passado
Frente à maior crise sanitária já vivenciada no mundo, o Brasil constata a valorização atribuída aos planos de saúde, percebidos cada vez mais como instrumento de acesso não apenas a recursos curativos, mas preventivos. Esse movimento, segundo o superintendente- executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), Marcos Paulo Novais, está expresso no fato de, entre ingressos e desligamentos, o número de beneficiários ter registrado o maior aumento desde 2014: 600 mil novas adesões, o que elevou o total de contratantes de 47,1 milhões, no fim de 2019, para 47,7 milhões, em dezembro do ano passado. Contribuiu para isso também o fato de terem sido criados 100 mil novos empregos no ano passado, o que permitiu à boa parcela dos brasileiros ter acesso a um de seus três maiores desejos – na ordem de prioridade, casa própria, educação e saúde, cita Novais. Assim como os setores de tecnologia e construção civil, o executivo observa que o mercado de saúde atravessa uma nova onda de crescimento e se posiciona como o maior empregador nacional, com quase 2,8 milhões de pessoas contratadas em regime de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O maior diferencial para essa potência é o acesso. “É um mecanismo de solidariedade”, afirma, exemplificando: de 100 pessoas que pagam as mensalidades, dez precisam de internação, e as outras 90 ajudam o sistema a arcar com esses custos hospitalares. “A ideia é essa: integrar um pool em que todos contribuam para proporcionar aos que mais precisam serviços aos quais não teriam acesso por conta própria”. Mas há entraves a serem vencidos para um crescimento mais acelerado do setor. Um deles, de acordo com Novais, é democratizar o acesso, ou seja, tornar os produtos mais eficientes e, portanto, mais atraentes e possíveis. Outro é dotar o sistema de maior velocidade para responder a desafios como o enfrentamento à pandemia. “Temos de estar preparados para abrir leitos numa velocidade muito grande, com equipes bem treinadas e tecnologia, de forma que um protocolo adotado com sucesso em determinada localidade do país seja imediatamente estendido a outras.”
Mais proteção aos usuários
Desde o dia 1º último, está em vigor a Resolução Normativa nº 465, da Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS), que estabelece novas coberturas obrigatórias para os planos de saúde. Com ela, passaram a integrar o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde 69 coberturas, incluindo 19 procedimentos, a exemplo de exames, terapias e cirurgias para diagnóstico e tratamento de enfermidades do coração, intestino, coluna, pulmão e mama, entre outras.
Também compõem a lista 19 medicamentos orais, que cobrem 28 indicações para tratamento de diversos tipos de câncer; 17 imunobiológicos, com 21 indicações para tratamento de doenças inflamatórias, crônicas e autoimunes, como psoríase, asma e esclerose múltipla; e um medicamento para tratamento de doença que leva a deformidades ósseas.
A atualização do Rol de Procedimentos, que define a lista de consultas, exames e tratamentos que os planos de saúde são obrigados a oferecer, foi expressa a partir de critérios como os benefícios clínicos comprovados, o alinhamento às políticas nacionais de saúde e a relação entre o custo e a efetividade das tecnologias. Os procedimentos incorporados são aqueles nos quais os ganhos coletivos e os resultados clínicos são os mais relevantes para os pacientes.
Consulte o ROL DE PROCEDIMENTOS E EVENTOS EM SAÚDE.
Tecnologia amplia acesso
A chamada telesaúde revelou-se um recurso valioso para melhorar o acesso da população a tratamentos médicos, já que, como atesta o superintendente da Abramge, Marcos Novais, são vários os casos em que as pessoas não podem (ou não devem, neste cenário de pandemia) se deslocar até uma unidade ao perceberem algum sintoma. Novais cita levantamento da entidade segundo o qual as operadoras associadas, responsáveis pelo atendimento de 8,7 milhões de beneficiários, realizaram, de abril do ano passado a março deste ano, 3 milhões de teleconsultas. Pesquisas mencionadas pelo executivo apontaram ainda um índice de resolução de 90% das consultas a distância, ou seja, de cada dez pacientes, nove não tiveram de se deslocar até uma unidade de atendimento. Mas Novais alerta: “o serviço de telesaúde não pode ser visto como uma simples ligação telefônica ou troca de mensagens via WhatsApp. Ele tem de ser prestado por empresas preparadas, com profissionais qualificados e ampla estrutura de suporte”.
Fonte: Folha de S. Paulo – 07/04/2021
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