Fonte: Correio Braziliense – 15/02/2016
Por Guilherme Goulart
Enquanto a saúde pública desmorona nas seguidas derrotas da luta contra dengue, zika vírus e febre chikungunya, outro pilar da área começa a apresentar as primeiras falhas estruturais. Trata-se do sumiço das vacinas para idades e fases sensíveis do desenvolvimento, da gestação aos primeiros anos da infância. Das 17 imunizações previstas no calendário do SUS, sete estão em falta no DF: hepatites A e B, tétano, difteria, coqueluche, raiva e tuberculose. O défice corresponde a 41% do total de prevenções obrigatórias na rede.
O tipo de vacina que desaparece dos estoques da capital é alarme que deveria soar de modo a incomodar os ouvidos das autoridades. Muitas dessas doenças estão erradicadas a ponto de as novas gerações desconhecê-las. Mas, em pleno 2016, somos obrigados a recolocar no nosso vocabulário males como caxumba e sífilis, hoje de fácil prevenção.
Ora, a falta de remédios e vacinas vitais revela como a saúde pública é tratada no Brasil: na base do jogo de empurra. A Secretaria de Saúde coloca a culpa no Ministério da Saúde — alega que não recebe a quantidade pedida. Nesse caso, nada impede que o órgão do GDF adquira o próprio material. Mas não há dinheiro. O ministério argumenta que honrou o pedido do Executivo local. No fim, sobra para os laboratórios, que não conseguem suprir a demanda nacional.
É preciso um olhar mais humano para a saúde pública. Quem passa dias na fila dos hospitais à espera de atendimento não suporta mais estatísticas, planos mirabolantes e lamentos depois de incontáveis mortes evitáveis. Estamos diante de situações que podem afetar uma geração de brasileiros. Pouco se sabe sobre as consequências do zika vírus. Portanto, deve-se investir em pesquisa, mas sem abandonar o que se conquistou até hoje. Não é possível que o Brasil, em caso extremo, volte a se assustar com paralisia infantil (erradicada em 1990 no país) ou varíola. É hora de emprestar seriedade ao assunto.
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