Em entrevista à Agência EY, Luciane Infanti explica como o Brasil pode se posicionar no universo das healthtechs, as vantagens da digitalização da saúde e o que é preciso para se tornar digital
Ouso de tecnologias em clínicas médicas, hospitais e centros de diagnóstico ganhou mais protagonismo durante a pandemia de Covid-19 займы онлайн бесплатно. Seus benefícios foram grandes aliados de médicos e pacientes. E, após quase dois anos, novos hábitos foram consolidados, principalmente no que diz respeito à saúde digital.
Com inovação, é possível estruturar históricos médicos, prever reinternações, reduzir custos e integrar dados para reunir prontuários e informações de pacientes. “Se temos inteligências comerciais tão preponderantes como o Google Earth e o Waze, somos capazes de trazer essa agenda para o universo da saúde”, afirma Luciane Infanti, sócia-líder da EY Parthenon.
Em entrevista à Agência EY, Luciane explica como o Brasil se posiciona no universo das healthtechs, quais são as vantagens da digitalização da saúde e o que é preciso para se tornar digital.
Como o Brasil está posicionado no universo da saúde digital?
O ecossistema de saúde é complexo em qualquer lugar do mundo. O Brasil é um país extremamente regulado. Apesar desse universo – onde há restrições, como conselhos regionais de medicina ainda questionando a telemedicina -, acredito ser pouco provável que a gente dê passos atrás e feche uma porta de qualidade de acesso. Mas é sempre uma dúvida. Atualmente, operamos em um universo provisório, pandêmico, emergencial e ainda aguardamos definições regulatórias. Sou uma pessoa que acredita que o bem ao cliente final e ao indivíduo se sobrepõe.
Qual o papel do sistema regulatório nessa questão?
O sistema regulatório tem o papel de garantir o mínimo necessário e não limitar. Ainda temos um grande desafio de sustentação. O digital traz muito valor nessa sustentação. Se forem somados os cenários público e privado, 72% das consultas realizadas no ambiente digital foram suficientes para serem resolutivas. Essas pessoas teriam ido ao Pronto Socorro (PS) ou ao consultório. O custo médio de uma consulta digital não supera 50% de uma consulta física em um consultório e, em um hospital, chega a ser 20% do custo de uma consulta do PS.
Este pode ser um sinal de sustentabilidade?
Sim. Ele também traz uma ferramenta de eficiência. Os 30% que foram para algum tipo de atendimento físico foram qualificados como “encaminhamento”. O atendimento no laboratório, no médico especialista ou até mesmo no PS foi mais assertivo. É o que a gente chama de atendimento qualificado.
Quais as vantagens dessa digitalização do ecossistema?
Como ferramenta de custo, existe grande valor para o sistema de saúde, conforme mencionado anteriormente. As terapias digitais também liberam leitos em um país de escassez deles. Enquanto esperamos por um sistema regulatório, já observamos grandes valores em segurança, custo, eficiência e qualificação de pacientes. A capacidade de escalada digital é muito relevante. Podemos destacar os cartões de saúde. O Brasil tem mais de 20 milhões de deles e, em sua maioria, a âncora desses cartões está vinculada a serviços digitais. É a única chance de oferecer um produto mais barato que o mercado tradicional. Esse total é quase a metade do número de pessoas (48 milhões) que têm acesso a planos de saúde do país. São sinais poderosos de um novo comportamento do consumidor desafiando um modelo a fim de garantir a saúde de sua família.
Durante a pandemia, houve também um amadurecimento do conceito do empoderamento dos dados do paciente que agora pertencem a ele. Um exemplo é o Conecte Sus, que inclui a carteirinha de vacinação desse paciente. Quais outros países se destacam neste caminho?
Países como Holanda, França e Singapura têm um ID único de saúde. Nós temos o ID SUS, mas não o praticamos. Culturalmente, até o momento pré-pandemia, havia uma descrença em relação ao financiamento do Sistema Único de Saúde e isso também colocava em dúvida o uso de ferramentas sociais. Ninguém duvida do título de eleitor, que é personalizado com RG, CPF e CEP. Mas as pessoas não utilizam o mesmo recurso para ter o ID de Saúde. Nesses três países, tudo o que acontece na saúde do cidadão tem um registro único que pertence a ele. É impossível ter uma assistência que não esteja relacionada ao ID de saúde. São projetos maduros em termos de qualidade de informação de saúde.
Em relação à telemedicina, destaco o caso dos Estados Unidos, que utilizam essa prática há mais de cinco anos como elemento de eficiência de sistema de saúde. Também destaco o modelo da Austrália. Não por acaso, foi um dos primeiros continentes capazes de fazer a contenção da pandemia porque já tinha um conhecimento da população com olhar de cuidado e não com olhar de doença.
O que é preciso para ter tudo integrado?
O que fizemos no nosso sistema bancário é um exemplo clássico de uma informação supersensível que foi integrada com nível de proteção alta, inclusive comparando com outros países. A Saúde traz alguns desafios. A grande discussão que temos de ter primeiro é a interoperabilidade de dados, ou seja, como a gente envelopa a informação clínica e a torna comparável. Não precisa ter um único prontuário. Mas o CID (Classificação Internacional de Doenças) ou dados básicos como tipo sanguíneo, comorbidades e histórico genético podem ser padronizados para que isso seja consultado. Estamos no meio do caminho. A Agência Nacional de Saúde – tanto para a Saúde Suplementar como para o SUS – já padroniza o modelo de codificação, ainda que seja de interesse transacional (faturamentos, prestações de contas e despesas), mas já está mais próximo da interoperabilidade. Agora, garantir que as fontes de informação estejam atualizadas é outro ponto. Em tempos de digitalização, nenhum Estado sabia, pré-pandemia, quantos leitos de UTI tinha instalado nos setores público e privado. No entanto, se temos inteligências comerciais tão preponderantes como Google Earth e Waze, também somos capazes de trazer essa agenda para o universo da saúde.
Fonte: Agência EY – 29/11/2021
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