Fonte: Folha de S. Paulo – 14/02/2016
Por Chris Elias e Trevor Mundel
A história nos lembra que nossa resposta também deve ser racional e solidária. Os primeiros anos da epidemia de HIV/Aids demonstraram os perigos de deixar que o medo ditasse políticas públicas. Enquanto a população lida com incertezas diante dessa nova ameaça, devemos nos guiar por fatos, evidências científicas e também pelas lições de outras epidemias.
No entanto, como a crise do ebola em 2014-15 demonstrou, nem todos os países têm esses sistemas estabelecidos. Por isso, é essencial fortalecer o monitoramento e notificação de casos em todos os lugares para que o mundo responda rapidamente a potenciais pandemias.
Outra lição que aprendemos com o ebola é que organizações internacionais precisam agir de maneira rápida e articulada, como a OMS (Organização Mundial da Saúde), a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) e o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) estão fazendo agora.
Ainda há muita coisa que não sabemos, como, por exemplo, a relação entre o vírus e a microcefalia. Embora o vírus zika não constitua uma ameaça significativa para a maioria das pessoas, há evidências que indicam sérios riscos a gestantes e a recém-nascidos, além de danos ao sistema nervoso de uma pequena parcela dos infectados.
Em resposta à crise, o Brasil e outros países afetados têm trabalhado para reduzir as populações de mosquitos e educar as pessoas sobre como se proteger. Isso inclui a adoção de novas ferramentas, como testes rápidos de diagnóstico e formas mais efetivas de se evitar que o mosquito dissemine o vírus. Também vamos precisar de uma vacina, mas isso pode levar alguns anos.
Nós, da Fundação Bill & Melinda Gates, estamos comprometidos em assegurar que todos tenham a oportunidade de ter uma vida saudável e produtiva, e portanto, apoiamos o desenvolvimento e o acesso a melhores soluções de saúde, principalmente para os mais pobres.
Nós temos apoiado pesquisas epidemiológicas para identificar os prováveis padrões de disseminação do vírus zika e as populações sob maior risco de infecção. Além disso, vários países, como Brasil, Indonésia e Vietnã, estão desenvolvendo testes de campo com a bactéria Wolbachia, que ocorre naturalmente em mosquitos, para reduzir a transmissão de dengue e possivelmente zika e outros flavivírus.
Nossas discussões com parceiros e governos têm se focado em maneiras responsáveis de acelerar e ampliar ações para o controle de mosquitos tendo como o alvo o zika.
A experiência com outras doenças transmitidas por mosquitos, como malária, dengue, febre amarela e chikungunya, mostra que não podemos esperar que uma crise global apareça para fazer investimentos em vigilância em saúde e em pesquisa e desenvolvimento em doenças emergentes e negligenciadas.
O surto de zika nos oferece um importante alerta sobre a necessidade de nos prepararmos agora para as futuras crises de amanhã.
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